sábado, 12 de setembro de 2009

Lua adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
(Cecília Meireles)

Astigmatismo


Onde neve, leio cor
Onde solidão, leio primavera
Onde quente, leio tremor
Onde amargo, leio mel
Onde sombra, leio sol
Onde futuro, leio ancião
Onde simples, leio teia
Onde mar, leio sede
Onde vida, leio vazio
Onde nunca, leio talvez
Onde chuva, leio varal
Onde bravo, leio cordeiro
Onde muito, leio migalhas
Onde pedra, leio nuvem
Onde santo, leio tesão
Onde você, leio ninguém.
(Mony Rocha)
Voar
nas asas luminosas do pensamento,
ao som de uma mágica melodia
e só pousar quando não mais
existir amanhã...
(Mony Rocha)

Primeiros capítulos ou Boletim emocional - Parte I

Estado atual: sinto-me como se estivesse mergulhando no espaço sem fim. Uma sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, de solidão. Se é bom ou é ruim, saberei daqui a alguns capítulos...
(Mony Rocha)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Preciso tanto

Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.
(Caio Fernando Abreu)

Emergência


Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo-
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
(Mário Quintana)

Insônia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo.
(Fernando Pessoa)

Acho que dá

Eu vou ver se tomo conto de mim, bem
Aqui não é o mundo de Adão
E volta e meia aqui tudo pifa
É tempo, grana, amor, avião
Então me bate aquele medo
Solidão geral
Mas tendo os meus amigos por perto
Eu acho que não fica tão mal
Só quero achar que vai dar
Periga escuta na esquina
Caretas marcam sob pressão
que a gente sempre com tudo em cima
o céu, a terra, a vida, a visão
Só quero mesmo que o meu desejo
Saiba sempre enlouquecer
E a calma acentuando meus medos
Assim eu acho que dá pra vencer
Só quero achar que vai dar
(Marina Lima / Tavinho Paes)
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada".
(Clarice Lispector)

Blues do elevador

Ora quem é que não sabe
O que é se sentir sozinho
Mais sozinho que um elevador vazio
Achando a vida tão chata
Achando a vida mais chata
Do que um cantor de soul

Sou eu quem te refresca a memória
Quando te esqueces de regar as plantas
E de dependurar as roupas brancas no varal
Só faz milagres quem crê que faz milagres
Como transformar lágrima em canção

Vejo os pombos no asfalto
Eles sabem voar alto
Mas insistem em catar as migalhas do chão
Sei rir mostrando os dentes
E a língua afiada
Mais cortante que um velho blues

Mas hoje eu só quero chorar
Como um poeta do passado
E fumar o meu cigarro
Na falta de absinto
Eu sinto tanto eu sinto muito eu nada sinto
Como dizia Madalena
Replicando os fariseus
Quem dá aos pobres empresta
A deus
(Zeca Baleiro)
"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro".
(Caio Fernando Abreu - conto "Lixo e Purpurina" do livro "Ovelhas Negras")

Música

Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros.
Dilacerados
Nossa bela história
Tá no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

(Liminha / Vanessa da Mata)

Novamente

me disse vai embora eu não fui
você não dá valor ao que possui
enquanto sofre o coração intui
que ao mesmo tempo que magoa o tempo
o tempo flui

assim o sangue corre em cada veia
o vento brinca com os grãos de areia
poetas cortejando a branca luz
e ao mesmo tempo em que machuca o tempo
me passeia

quem sabe o que se dá em mim
quem sabe o que será de nós
o tempo que antecipa o fim
também desata os nós

quem sabe soletrar adeus
sem lágrimas, nenhuma dor
os pássaros atrás do sol
as dunas de poeira
o céu de anil do pólo sul
a dinamite no paiol
não há limite no anormal

é que nem sempre o amor
é tão azul

a música preenche a tua falta
motivo dessa solidão sem fim
se alinham pontos negros de nós dois
e arriscam uma fuga contra o tempo
o tempo salta
(Fred Martins)
O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem que pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo.
(Carlos Ruiz Zafón, A Sombra do Vento)

A gente se acostuma...

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Colassanti)

Todas as vidas


Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda, desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra, meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada, tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.
(Cora Coralina)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Parece que existem partes do meu organismo que não funcionam como deviam. Não é uma grande novidade.
Há coisas no meu corpo que parecem ter vida própria.
Em breve serei outra vez analisada, vários componentes do meu organismo serão medidos.
Aborrece-me essa perspectiva, embora já devesse estar habituada. Mais do que a intrusão de agulhas, ondas sonoras, na minha intimidade, chateia-me o fato de não medirem nada convenientemente.
Nunca conseguem medir o meu medo naquela altura, maior do que o medo de estar perdida num espaço que não conheço, maior do que os medos da infância.
Nunca conseguem medir os meus desejos, os meus sentimentos, a minha vontade de viver, contrariando aqueles valores de referência, não conseguem de todo medir os meus afetos.
Irão dizer, uma vez mais, que o meu coração tem uma forma invulgar, que lhe dá um ritmo próprio.
Acho que sempre desconfiei disso, o meu coração não está de acordo com as normas vigentes, bate ao seu ritmo, não a um compasso estudado e estereotipado, tem também vida própria.
Sempre o suspeitei.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pernas entrelaçadas
Na dança dos corpos ardentes
E insanos da paixão.
Nada mais importa,
Nem a vida, nem a morte
Apenas o gozo
Úmido e eterno a marcar
Dois corações solitários.
(Mony Rocha)

O homem invisível

A boca cala
E engole seco a saliva
Que não existe
O coração se fecha e
Finge não bater forte
Os olhos desviam
E procuram por cores
Que apaguem o negro
Deitado ali no chão
Imundo, quase morto
Quase ninguém
A suplicar uma esmola
Um pedaço de vida...
(Mony Rocha)
Tranco a sete chaves meu coração
E jogo as chaves fora
Para não haver possibilidades
De abri-lo novamente.
Não quero mais sofrer,
Não quero mais sentir...
Só o que me resta agora é
Aguardar os derradeiros dias
Em silêncio...
(Mony Rocha)

Vigília

Se eu tivesse aí tinha pão.

Meu olhar manso e quente preso.

Vigília .


Se eu tivesse aí não tinha, não tava.

Minha boca muda só olhava.

Perseguia tua cor, teu dourado....



Ah se seu tivesse aí.....

E no meu silêncio, minha constância, te ensinava.

A esperar, como espera o cão.....


Se eu tivesse aí..

Eu me amava só um pouquinho enquanto esperava.
(Marcia Lima Falcão)

Cheiro de azul


Era uma manhã assim
De um azul assim
Tão fundo assim
Azul fosco


Que o céu e o mar
Quando se amavam
Eram um só azul


E as árvores verdes
Cor da terra
Aguardavam calmas
O rebentar do dia


E eu acordei poeta
Cheio de azul e verde
E cheirando a mar.


(Antonio Carlos Borges)

Praia de Icaraí – 1996
Itaipuaçu – 14 - 06/09/2009

móvel - ser

Sou
A peça móvel do seu corpo
Das frias e quentes
Noites longas
Sou o que sobra
Entre as carícias e delícias

Sou
Onde suas pernas
Caem
Onde sua boca
Cala

Sou
Onde meu coração
Acelerado
Grita seu nome.

(Antonio Carlos Borges)
São Gonçalo, Novembro 1993.
Itaipuaçu – o4-14/09/2009
Rio de Janeiro - 09/09/2009

Será arte?

Escrevo como quem conta
A história de outro
Em minha própria história.


Expectador de mim mesmo
Autopsicográfo-me
Faço-me mito

Suporto a exaustiva fadiga
Da arte de mentir-me.

(Antonio Carlos Borges)
São Gonçalo, Janeiro de 1993.
Itaipuaçu 04/09/2009