sexta-feira, 20 de maio de 2011


Sigo o rastro complicado
dos meus próprios passos
Dou-me voltas de avanço
mentais
sem parar.
Tenho de continuar

Errando entre o longe
e o perto
Não quero é ficar num deserto
sabendo que existe o mar
Tenho de continuar.

Chocolate


Comendo chocolate e pensando em você,
Derretendo em minha boca,
Lambuzando meus dedos,
Deixando gosto doce de prazer.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sete Estrelas


Eu sou a música da gente quando nua e crua
Escorro do nariz do pobre quando ele se assua
Sou Carolina na janela desejando a rua...
Com a solitude eu ando acompanhado
Cada virtude minha é um pecado

Varejeira come lixo feito creme chantili 
E que mistério tem aí?
E qual lição que eu aprendi?

Sou o cachorro na viela cobiçando a lua
Sou o vermelho da donzela quando ela menstrua
O amassado na baixela feito com gazua...
A solitude eu quis por companheira
Toda mentira minha é verdadeira

Trepadeira, borda folha feito ponto macramé:
É um mistério de se ver
E uma lição para se aprender
- Pior que a morte é desviver

Varejeira faz zoeira
No monturo do meu coração
Sete estrelas eu quisera
Sete vezes azuis sentinelas do meu violão

Eu canto a lágrima e o sal que o triste chora e sua
Eu sou a fome que há na santa quando ela jejua
O grito doido na garganta de uma cacatua...

Varejeira come lixo feito creme chantili
E que mistério tem aí?
E qual lição que eu aprendi?

Sou a paixão que faz sequela quando pega e encrua
Eu sou o monstro da lagoa quando ele flutua
Se tu disser que é minha, eu digo que é a tua...

Trepadeira borda folha feito ponto macramé
É um mistério de se ver
E uma lição pra se aprender
- Pior que a morte é desviver

Trepadeira tece esteira
Nas paredes do meu coração:
Sete estrelas benfazejas
Sete vezes irmãs sentinelas do meu violão.
 
(Aldir Blanc)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nas Profundezas da Alma Humana



Bela entrevista com a maravilhosa escritora Lya Luft.  Imperdível!!!!


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110425/not_imp710389,0.php

Que horror é o mundo!”. O autor destas palavras, o escritor argentino Ernesto Sábato, morreu neste sábado de madrugada aos 99 anos de idade. No dia 24 de junho teria completado um século de existência.
Lástima que cuando uno empieza a aprender el oficio de vivir ya hay que morir (pena que, quando a gente começa a aprender o ofício de viver já é preciso morrer). Sabato, que era marcado pelo intenso pessimismo, planejou o suicídio duas vezes. Mas, no fim das contas, prevaleceu sua vontade de viver. Morrer, dizia, é algo triste.
Assistia à própria vida como quem assistia a um filme. Um dia, ao acordar, não quis pagar o ingresso, e morreu.
Ninguém, nem mesmo ele, deu por sua falta: era apenas um figurante.