O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)
"Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores". (Lya Luft)
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Viver
Quem nunca quis morrer
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar... Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar...
e voar...
cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!
(Mário Quintana)
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar... Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar...
e voar...
cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!
(Mário Quintana)
sábado, 15 de agosto de 2009
LIBRO DE LAS PREGUNTAS
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Inventário
Ontem
Ou anteontem – não sei bem
Revisitando o tempo
Encontrei meus mortos
Havia matado meus vivos
No nó dos momentos
Falaram-me de mim
Contaram-me da dor que eu senti
Do meu espanto e do meu medo
Dos meus enganos e mentiras
Não falaram de amor
Lembraram-me da casa de três janelas
E porta para rua
Dos convites pro café
Do quintal e dos limões
Do pé de sapoti e dos morcegos
Mostraram-me de novo o rio
O rio que corre manso
Sem deixar a beira
Indiferente à eira do casarão
E às palmeiras da beira rio
Então as horas não passaram
Era como se com eles
O tempo perdesse a pressa
Da mesma forma que o poço perdeu o fundo
E então o cio
(Antonio Carlos Borges)
Niterói 05/06 – 17/06 – 19/06/2009
Itaipuaçu 10/08/2009
Ou anteontem – não sei bem
Revisitando o tempo
Encontrei meus mortos
Havia matado meus vivos
No nó dos momentos
Falaram-me de mim
Contaram-me da dor que eu senti
Do meu espanto e do meu medo
Dos meus enganos e mentiras
Não falaram de amor
Lembraram-me da casa de três janelas
E porta para rua
Dos convites pro café
Do quintal e dos limões
Do pé de sapoti e dos morcegos
Mostraram-me de novo o rio
O rio que corre manso
Sem deixar a beira
Indiferente à eira do casarão
E às palmeiras da beira rio
Então as horas não passaram
Era como se com eles
O tempo perdesse a pressa
Da mesma forma que o poço perdeu o fundo
E então o cio
(Antonio Carlos Borges)
Niterói 05/06 – 17/06 – 19/06/2009
Itaipuaçu 10/08/2009
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